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06/06/2012, 21:07h | Notícias
IV Mostra Brasil – juventude transforma com arte e cidadania
Entre os dias 20 e 24 de maio, o centro do Rio de Janeiro foi palco da 4ª Mostra Brasil, evento que reuniu cerca de 350 jovens, de 12 estados brasileiros, apresentando espetáculos de música, teatro, poesia, dança e circo.
Além de divulgar as diversas manifestações artísticas de diferentes regiões do país, a mostra teve como objetivo investir no desenvolvimento da arte e da cultura como ferramentas de mobilização e participação social. “Já havia participado de eventos semelhantes a este, mas com tamanha diversidade e desempenho de participantes cada vez mais jovens, acho que é a primeira vez. Há pessoas aqui que iniciaram seus trabalhos de forma isolada e hoje já se apresentam como companhia, grupo cultural”, conta a arte-educadora paulistana, Ana Elisa Soares.
Um exemplo disso é o grupo de dança afro-contemporânea Terracotta, que com três anos de existência, surgiu a partir da mobilização de um pequeno grupo de alunos. “Nós sempre gostamos de música e dança, então, ao concluir o ensino fundamental, propus aos meus amigos criarmos um grupo para se apresentar em pequenas festas e até mesmo em atividades da escola”, conta o bailarino e instrutor do grupo, Erickson Damasceno.
A iniciativa deu tão certo que, meses depois, o grupo viu a necessidade de aprofundar o que já vinham desenvolvendo. “Naturalmente, percebemos que nossos interesses iam para além de simples atrações. Sempre estávamos próximos de grupos culturais tradicionais de Minas Gerais, como o Terno de Moçambique e a Congada. A partir daí, direcionamos nossa atenção para a formação intelectual dos participantes. Para nossas apresentações, realizamos pesquisas sobre questões que envolvem cultura, religiosidade, negritude e tudo o que tem a ver com a nossa história e a realidade em que vivemos”, explica Claudio Victor, outro integrante do Terracotta.
Para o grupo, participar de eventos como a Mostra reforça o compromisso social da juventude. “Nós não viemos aqui simplesmente para um evento cultural, a Mostra discute arte, mas também traz temas como pertencimento étnico, meio ambiente, políticas públicas de juventude, entre outros. Aqui, tenho a oportunidade de discutir a negritude, os direitos indígenas, a participação de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e a relação deles com arte. Então, durante todo o tempo, fazemos um exercício de aprendizado e troca de experiências”, define Gustavo Oliveira, de 21 anos.
O evento, que acontece a cada dois anos, nesta edição teve como tema norteador a Cultura para Sociedades Sustentáveis e
Solidárias, alinhando-se às preocupações com o modelo de desenvolvimento e sociedade que a cidade, como palco da Rio+20, debaterá durante a conferência. “Nosso esforço teve como foco as contribuições que as culturas e ações culturais de juventudes, em seus territórios de origem, trazem para espaço coletivo, contribuindo para o debate”, conclui uma das coordenadoras do evento, Angela Nogueira.
Palco de todas as edições anteriores, a Praça Tiradentes serviu como referência às atividades paralelas da mostra. Espaços culturais do seu entorno – Centro Carioca de Design, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro Cultural Carioca e Largo das Artes – receberam oficinas de artes ministradas pelos próprios grupos convidados para o evento, intensificando o intercâmbio de ideias entre os participantes. Desde a sua primeira edição em 2006, a Mostra Brasil terminou com a integração das diversas identidades brasileiras na construção de um diálogo entre as diferentes linguagens artísticas que passaram pelo palco do Teatro Carlos Gomes, emocionando os espectadores.