01/09/2010, 01:28h | Notícias, Pesquisa

Jovens sem emprego

O desemprego entre os jovens, de acordo com relatóri divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), atingiu números inéditos no ano de 2010. O mesmo estudo indica ainda que este número vai aumentar ao longo do ano.

Disponibilizados no relatório Tendências Mundiais de Emprego para a Juventude 2010, o documento mostra que, dos 620 milhões de jovens entre 15 e 24 anos economicamente ativos no mundo, 81 milhões estavam fora do mercado de trabalho no final de 2009, número jamais antes registrado.

Segundo o relatório, a taxa de desemprego juvenil subiu de 11,9% em 2007 para 13% em 2009. A OIT alerta ainda para o risco de uma crise gerada por uma ‘geração perdida’, que seria composta por jovens que abandonaram o mercado de trabalho por falta de esperança na capacidade conseguir uma vida decente a partir do trabalho.

Polyanna Rocha, 25 anos, é formada em jornalismo desde 2007 e está há um ano e meio desempregada. “Normalmente as empresas não me dão retorno, mesmo que negativo. Durante entrevistas já ouvi que eu era boa demais para a vaga e outras que eu não tinha o perfil que eles estavam procurando”, justifica Polyanna. A jovem diz ainda que de seus colegas de faculdade, mais de 40% estão desempregados.

Thayne Rossana, de 19 anos, nunca conseguiu emprego com carteira assinada – obrigação legal desde o surgimento do Código de Leis Trabalhistas (CLT). “Trabalho desde os 14 anos como monitora de esportes radicais, mas procuro emprego com carteira assinada desde o inicio do ano e não encontro,” relata. Thayne está no segundo período da faculdade de direito em uma instituição particular e o emprego a ajudaria a pagar sua mensalidade. “Tenho 50% de bolsa, mas ainda assim fica apertado. Não tenho preferência de trabalho, mas sem dúvida se for na área jurídica seria melhor. No entanto não consigo nada remunerado por ainda estar no inicio do curso”, lamenta.a estudante, que percebe ser uma dificuldade comum entre seus colegas de faculdade.

Panorama Brasileiro

Entre 2007 e 2009, o desemprego dos jovens no mundo aumentou para 7,8 milhões (1,1 milhão em 2007/08 e 6,7 milhões em 2008/09). Em comparação, ao longo do período de dez anos antes da crise atual (1996/97 a 2006/07), o número de jovens desempregados aumentou, em média, 191 mil por ano.

No Brasil as coisas não andam diferentes da tendência mundial de desemprego estipulada pela OIT. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgado no inicio deste ano, entre 1987 e 2007 o índice de desemprego entre jovens na faixa etária de 16 aos 20 anos passou de 7% para 20%. Na faixa dos 21 aos 29 anos, o desemprego mais que dobrou, passando de 5% para 11% no mesmo período.

Na oportunidade do lançamento dos dados, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, declarou que nunca houve décadas tão dramáticas para a juventude. “Houve uma inflexão da inclusão do jovem no mercado de trabalho. O Brasil chegou um pouco tarde com políticas públicas para a juventude”, afirmou.

Em 2007, 4,8 milhões de jovens desempregados estavam desempregados, mais de 60% do total de desempregados no país. O desemprego nesta faixa etária é três vezes maior que entre adultos. Vale destacar ainda o número elevado de jovens que não estudavam nem trabalhavam: 19,8%.

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