10/10/2012, 20:56h | Notícias

Juventude Viva

Por Silvana Bahia

O lançamento do plano “Juventude Viva” no último dia 27 de setembro em Alagoas promete ser um marco nas políticas voltadas para a juventude. O plano tem objetivo de reduzir os índices de homicídio de jovens negros no Brasil e para isso, aposta na integração de ações do Governo Federal focadas na criação de oportunidades. Tais políticas se darão no campo da cultura, educação, trabalho, esporte, lazer e saúde; com incidência na participação social, na autonomia para os jovens, no enfrentamento ao racismo nas instituições e na transformação dos territórios vulneráveis.

Foram elencados 132 municípios que apresentam maior gravidade nos índices e por isso terão prioridade na execução do plano. A primeira capital escolhida, em fase experimental, foi Alagoas por ter a maior taxa de homicídios do Brasil. Nessa primeira fase a capital vai receber 30 iniciativas, cerca de R$70 milhões em novos recursos, em frentes distintas, que vão desde pesquisas que visam orientar a ação pública até programas de proteção à juventude. A iniciativa foi elaborada pelo conjunto de Ministérios envolvidos: Secretaria Geral, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Justiça, Trabalho e Emprego, Saúde, Educação, Cultura, Esporte.

A secretária nacional de juventude, Severine Macedo, pontuou a importância da ampliação das políticas públicas voltadas para a juventude e também que o alto índice de homicídios dos jovens não pode ser naturalizado. “No nosso entendimento, a diminuição dos homicídios e a prevenção a violência, exige ações no campo da segurança publica, na garantia de direitos, na ampliação das oportunidades para a juventude, especialmente a juventude negra, no enfrentamento ao racismo e na mobilização da sociedade. A reversão deste quadro avassalador que vivenciamos no Brasil, precisa de iniciativas concretas de políticas públicas, como estamos propondo, mas o envolvimento de toda a sociedade. A morte dos nossos jovens não pode continuar sendo naturalizada, como é em nosso país”, afirmou a secretária.

Toda essa articulação é pautada na diminuição dos índices alarmantes de homicídio da juventude. No Brasil, de acordo com os dados do Ministério da Saúde, a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos é o homicídio e os jovens negros são os mais afetados com essa violência. Em 2010 aproximadamente 50 mil pessoas foram assassinadas “sendo mais da metade delas jovens (53,3%), dos quais 76,6% eram negros e 91,3% homens”.

Para o coordenador do Fórum Estadual de Juventude Negra do Espírito Santo, Luiz Inácio Silva, a violência sofrida pela juventude no Brasil tem uma decorrência estrutural do racismo. “O nosso passado histórico infelizmente hoje se traduz nessa violência que é efetuada, sobretudo contra a juventude negra. Não tem como falar em enfrentamento da violência no Brasil, sem falar do enfrentamento ao racismo e o programa vai dialogar com essa perspectiva. Não basta dizer que garantir os direitos da juventude vai dar conta de inibir a violência, mas sim dizer que o enfrentamento desses altos índices que estão colocados passa principalmente pelo enfrentamento ao racismo”, afirmou Inácio.

É importante destacar que a própria conquista desse plano é uma luta história do movimento negro, sobretudo da juventude negra e que a participação da sociedade civil é central para que as ações previstas tenham êxito. Está prevista a criação de uma rede nacional de mobilização com as organizações para fortalecer a ação delas nos territórios que já atuam e também para o monitoramento e gestão do plano a nível local e nacional, além da realização de campanhas nas redes sociais e nos veículos de comunicação, “a participação pode se dar pelas redes, nas ruas, nas comunidades, nos comitês gestores do plano a nível local e nacional. O importante é chamar a atenção de toda a sociedade para este problema”, concluiu Severine Macedo.

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