01/03/2011, 14:50h | Educação, Notícias

Protagonismo juvenil

Por Cecília Olliveira

“Foi uma forma de descobrir e exercer minhas habilidades, conhecer meus pontos fortes e limitações para crescer como pessoa e profissional. Através do protagonismo que sempre foi incentivado neste ambiente, aprendi a administrar minhas responsabilidades e deveres e cobrar meus direitos. Às vezes eu me pergunto: com que objetivo eu abri mão muitas vezes do descanso, do futebol e das amizades para freqüentar o Serpaf? Mas logo vem a resposta: o retorno foi muito maior do que eu esperava, entrei aqui buscando uma forma de ocupar meu tempo e ser beneficiado, porém acabei descobrindo uma nova forma de olhar o mundo”. O relato que abre essa matéria é o relato da experiência pessoal de Deivity do Carmo Santos, de 16 anos, atendido pelo Serviço de Promoção ao Menor e à Família, o Serpaf. “Hoje, através do Serpaf consegui meu primeiro trabalho, que possibilitou o meu desenvolvimento em vários aspectos. Contudo, não quero parar por aqui, sempre haverá novos objetivos e conquistas almejadas. Busco novos caminhos, creio que será cheio de erros e acertos, no entanto eu vou continuar crescendo”, aposta Deivity.

O projeto Protaganismo Juvenil é desenvolvido pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) em parceria com a agência alemã KNH (Kindernothilfe) e oferece aos adolescentes oficinas sobre noções de democracia, participação, cidadania, esferas de poder, orçamento público e comunicação, para que possam qualificar as ações que desenvolvem em suas organizações. Em Sete Lagoas, o projeto é desenvolvido com o Serviço de Proteção ao Menor e à Família (Serpaf), que atende crianças e adolescentes da periferia da cidade. Ao final das oficinas, divididas em módulos, os jovens são desafiados a desenvolver um projeto que possa ser transformado em demanda daquela comunidade. Depois são marcadas visitas a representantes de diferentes esferas do poder municipal, como Conselhos de Direitos, Câmara de Vereadores e Prefeitura para que realizem um trabalho de advocacia social na defesa do pleito apresentado pelos adolescentes.

“O intuito da KNH é apoiar parceiros nacionais que lutam pelos direitos da criança e do adolescente em âmbito nacional, que tenham foco em situação de risco e projetos de desenvolvimento comunitário”, explica Andréia Barreto, Coordenadora da KNH Brasil (Regional Sudeste e Centro-Oeste), ao lembrar que “quem trata a criança apenas como vítima ou beneficiária de ajuda, faz dela um menor, desconsiderando sua personalidade e responsabilidade própria”. De acordo com Andréia, os direitos da criança e do adolescente são os fundamentos básicos para a cooperação com os parceiros locais “A criança e o adolescente tem o direito de participar da vida social e comunitária”, diz.

Mudança de vida
“Depois que entrei no Serpaf, minha vida mudou totalmente. Antes, eu achava que não ia ser ninguém na vida. Era triste e tinha vergonha de mim mesmo. Tirava umas das piores notas escolares da sala. Hoje, não posso dizer que tiro as melhores notas da sala, mas comparando à forma que era antigamente, melhorou bastante. Quero ser um jornalista, não apenas porque estou na oficina de Jovens Jornalistas, mas pelo fato de ter percebido que tenho talento. E quando estiver com meus 25 anos, vou me candidatar a vereador, pois quero ajudar, de coração, a população de Sete Lagoas”
André Nogueira, 15 anos

“Um momento marcante foi meu primeiro emprego, que me possibilitou um desenvolvimento profissional e pessoal muito grande. A partir daí, através de um Seminário de Profissões que teve na empresa onde trabalho, comecei a atribuir minhas qualidades à área de exatas/biológica, onde me identifiquei bastante e hoje estou fazendo um curso técnico em Química, área que a cada dia me identifico e gosto mais. Pretendo me aprimorar na área de Engenharia, embora não saiba qual seguir. Enfim, experiências que vivi, e sei que me proporcionarão um futuro brilhante”
Mariana de Souza Soares, 17 anos

“Através da oficina dos Jovens Jornalistas Reconstruindo o Mundo, tive diversas participações em fóruns, palestras, conferências, seminários, enfoques e audiências públicas, e aprendi que podemos ter direito de opinar na vida política do nosso país. O Serpaf me mostrou um novo caminho, novas expectativas e oportunidades, pois foi assim que consegui o meu primeiro emprego e outras oportunidades na minha vida, no geral. Hoje tenho o objetivo de fazer faculdade de psicologia e assim ter uma família bem sucedida, vida financeira sólida e passar para os meus descendentes tudo o que aprendi”
Philippe Diogo Alves da Silva,15 anos

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