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02/02/2011, 16:02h | Entrevistas, Notícias
De jovem para jovem
“Os jovens têm voz, opiniões, ideais e ideias e necessitam de espaços que garantam sua liberdade de expressão”, diz a coordenadora executiva da Revista Viração Lílian Romão. É com esse objetivo, de dar espaço e liberdade para os jovens produzirem conteúdo e divulgarem o que produzem que surgiu a Revista Viração. Fundada em 2003, a Revista reúne jovens e adolescentes de todo o Brasil em torno de princípios como a defesa dos direitos humanos, da educação, da solidariedade entre os povos e da pluralidade étnica e racial.
Hoje já existem repórteres – os Virajovens – em 24 estados brasileiros. Lilian frisa que é preciso dar voz para que os jovens expressem suas idéias e opiniões. “A revista é um caminho de formação e transformação da comunicação que temos e dos formatos de participação da juventude”, disse.
Para realizar esse projeto, a revista conta com o apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes (NCE/ECA) da Universidade de São Paulo (Projeto Educom.radio) , da Agência de Notícias dos Direitos da Infância – Andi e da Agência Internacional pela Paz – IPAZ.
Abaixo leia a entrevista que Lílian concedeu ao site do PRVL, contando como se dá o processo de produção da revista e da sua importância para a formação dos jovens.
Como é trabalhar a comunicação com jovens adolescentes?
A comunicação ainda é um direito humano a ser acessado de forma democrática e participativa pela sociedade brasileira. Por outro lado, pensar no acesso de crianças, adolescentes e jovens aos seus direitos também é algo muito novo no Brasil. A Viração acredita que construir e praticar a cidadania é garantir aos jovens novas possibilidade de acessar o seu direito humano à comunicação.
A revista é uma forma inovadora de fazer comunicação por/para/pelo/com adolescentes e jovens. Os jovens têm voz, opiniões, ideais e ideias e necessitam de espaços que garantam sua liberdade de expressão e tragam à tona as pautas da juventude na perspectiva do próprio jovem. A Revista Viração é construída integralmente por jovens de todo o país, interessados em fazer comunicação. São eles que pensam e definem os assuntos, constroem as pautas, pensam os entrevistados, sugerem a diagramação. Enfim, acompanham toda a produção da revista. Chamamos isso de educomunicação, um processo de debater e fazer comunicação colaborativa, em que os jovens integram e apropriam-se dos processos de comunicação, criando um olhar mais crítico a respeito da comunicação e tendo espaço para desenvolver as suas próprias pautas.
Qual o impacto social da Revista Viração?
É uma grande responsabilidade atuar com adolescentes e jovens e garantir processos em que eles são sujeitos de suas próprias mudanças. A sociedade está aprendendo a fazer isso, a ouvir os adolescentes e jovens e entender que suas propostas são muito importantes para os processos sociais. Quando estudamos comunicação, aprendemos a produzir comunicação. Nesse caso, nos tornamos facilitadores dos processos de produção. E são os adolescentes e jovens que põe a mão na massa. É um desafio! Mas acredito que esse seja um caminho de formação e transformação da comunicação que temos e dos formatos de participação da juventude.
Como a participação neste projeto contribui para a formação dos jovens?
São vários os resultados que podemos citar: mudanças no modo de se expressar, entendimento sobre seu papel e espaço na sociedade, percepção de cidadania e seus direitos, capacidade de observação, melhora na escrita, interesse por assuntos do seu dia a dia e que têm relação direta com sua realidade, contato com jovens de outras regiões e realidades, visão crítica da comunicação. O jovem passa a perceber com mais nitidez a importância de sua ação.
Como esses espaços e práticas de participação de adolescentes e jovens ainda estão sendo construídos, é fundamental que a juventude esteja apropriada não apenas do que quer comunicar, mas também da forma como quer fazer isso. Não dá pra esquecer também que, ao desenvolver uma entrevista, reportagem, texto, o jovem também está conhecendo mais sobre os assuntos sobre os quais está tratando.
Veja a última edição da Revista Viração, de fevereiro de 2011